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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A questão não é estritamente o que a gente diz, entende? A questão está na sinceridade com a qual a gente sente o que a gente diz que sente. Pode ser unha encravada, verso de Neruda ou de Vinícius, refrigerante light ou a contra-hegemonia da libertação dos oprimidos. Seja lá o que for, dito sem compromisso, sem fidelidade, sem lealdade, não cabe na poesia. Na poesia até a falácia, até a hipocrisia, até a mentira tem de ser sincera. Não é que não se possa fugir da verdade - que verdade? - na poesia. Tantas vezes enganei, a mim e aos outros, em verso e em prosa! Ocorre que, na poesia, mesmo quando se mente, é-se sincero com a poesia e seus sentimentos. Aqui mesmo, diversas vezes, jurei por-deus-nossa-senhora não amar mais fulano, esquecer sicrano, expelir da minha vidinha beltrano. Verdade? Claro que não! Como se os descaminhos do amor estivessem num apertar de botão, num "não-deu? tá-bom! tou-fora". Mas sempre que eu ousava dizer essas mentirinhas tolas, assim que eu me punha inteiro nas palavras, era com sinceridade que eu letrificava aquelas dores, resoluções, emoções, bravatas. É assim que nasce a poesia. Não precisa nem de rima nem de forma. Às vezes nem conteúdo é lá muito fundamental. Mas sinceridade, essa sim, é de sua essência.

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