PASSANDO

Tem gente que não acredita que exista algo além, mas eu sim, e não me considero insana por isso. Pelo contrário a lucidez é algo que eu aprecio muito em mim. Posso ter caras e bocas, choros e risos espontâneos, posso ter falas confusas e gestos obscenos, mas sou normal, acredite. A vida é algo que me deslumbra e isso que me faz ser, para muitos, louca de pedra. O que há demais em se alegrar com o leque de cores da flor, o que há demais em se esbanjar nas letras das músicas e nas histórias dos livros e achar que isso é a melhor coisa do mundo? O que há demais, se isso é verdade. Eu gosto do simples e o simples é o que me dar mais prazer. Hoje eu queria ver o mar, queria sentir o gosto da água salgada no fundo da língua, queria deixar ele me levar por completo, mas eu moro bem no meio de um vulcão. Então, queria que esse vulcão explodisse de lava colorida e devastasse todas as árvores gigantes que me impedem de ver as nuvens de algodão do céu e se isso não acontecer, eu faço questão de subir um por uma só para sentir a textura quente do marrom. Desejei o sol e desejei a chuva. Desejei a paz do meu quarto e a bohemia. Desejei a multidão das ruas e a solidão da casinha simples lá no fim do mundo. Desejei água e sete tequilas. Desejei a vida em qualquer contexto!